Ratinho Jr. usou dinheiro da educação para dar lucro de R$ 3 milhões a empresa privada, denuncia deputada
Altvista - APP Sindicato
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Segundo Ana Júlia (PT), empresa do Parceiro da Escola recebeu R$ 6 milhões para fazer troca de lâmpadas, pintura de muro e gestão de colégio que custou apenas R$ 115 mil no ano anterior
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A deputada estadual Ana Júlia (PT) usou a tribuna da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) para denunciar números alarmantes sobre os lucros das empresas que operam o projeto-piloto criado pelo governador Ratinho Jr. (PSD) para privatizar mais de 200 escolas. Segundo a parlamentar, a iniciativa rendeu lucro astronômico de 50% sobre o valor de R$ 6 milhões repassado pelo governo para serviços como troca de lâmpadas, pintura de muro e gestão administrativa de apenas um colégio. “Mas que pintura de muro é essa que custa R$ 6 milhões? Que lâmpada é essa que custa R$ 6 milhões?”, questionou.
As conclusões foram extraídas da análise dos gastos feitos pela Secretaria da Educação (Seed) nos dois colégios usados como referência para o programa Parceiro da Escola. De acordo com a apuração, em 2022 o governo destinou apenas R$ 115 mil para a direção do colégio Anita Canet, de São José dos Pinhais, pagar despesas e fazer a manutenção do estabelecimento durante o ano inteiro. Já em 2023, com a gestão privada, Ratinho deu R$ 6 milhões para uma empresa fazer a administração da mesma escola.
Segundo a deputada, na outra escola que faz parte do piloto, o Colégio Aníbal Khury Neto, em Curitiba, os números são parecidos. Enquanto em 2022 o governo enviou apenas R$ 176 mil ao fundo rotativo do estabelecimento, no ano seguinte a verba repassada para uma empresa administrar a unidade foi de R$ 5,7 milhões.
“É muito fácil colocar a culpa da infraestrutura das nossas escolas nos diretores. Só que os diretores de escola recebem em torno de R$ 170 mil para gerir a escola e a empresa recebe R$ 5 milhões e não tem que provar qual que é a prestação de contas; e não contrata professor, e contrata professor por um salário ainda mais baixo. Não tem um compromisso com o ensino, com o aprendizado, não tem compromisso nenhum”, criticou.
Ana Júlia também reclamou da falta de transparência e desafiou os(as) deputados(as) que aprovaram o projeto do governador a irem até a escola para constatarem que o volume de dinheiro público recebido pelas empresas não foi investido integralmente nas unidades.
“Quando você pega o balancete da Paraná Educação, no Portal da Transparência da Secretaria da Educação, você não acha em momento nenhum a comprovação de serviço dessas empresas. Mas depois de muito cálculo, depois de você pegar comprovação de extrato por extrato e descontar conta de água, luz, de internet e etc, a gente consegue chegar, mais ou menos, numa taxa de lucro de no mínimo 50%”, disse.
Para a deputada, há indícios de que o dinheiro não está sendo aplicado integralmente na prestação de serviços e na melhoria da educação, mas para distribuir recursos públicos a empresários escolhidos pelo governo. Pelos dados apresentados, o repasse de dinheiro público para a empresa que administra o Colégio Anita Canet, por exemplo, foi 52 vezes maior do que os valores investidos no anterior, quando a gestão era feita pela direção eleita pela comunidade.
“Tem um investimento de R$ 3 milhões por ano? Não tem, porque esse dinheiro está sendo simplesmente repassado para as empresas privadas, pra fingirem que elas vão fazer alguma coisa nas nossas escolas, quando elas não vão. Elas vão contratar professor com menos capacitação, com salário ainda mais baixo e não vão entregar melhora no ensino e na qualidade de aprendizagem dos nossos estudantes; e vão embolsar dinheiro público, dinheiro dos nossos impostos, e não vão prestar contas do nosso dinheiro”, denunciou em seu discurso realizado na tribuna da Alep no dia 29 de outubro.