Em uma entrevista à revista Marie Claire, Eliana Paiva conta detalhes não mostrados no filme “Ainda Estou Aqui” sobre o dia em que foi presa com a mãe no DOI-Codi. Jornalista, filha de Eunice e Rubens Paiva, ela está prestes a completar 70 anos.
“Com a mamãe não houve nada, que eu saiba. Comigo, sim. Ela ficou 11 dias presa com a roupa do corpo dentro de uma cela no DOI-Codi do Rio de Janeiro. Fui apalpada, tomei coque na cabeça [golpe na cabeça dado com o nó dos dedos] enquanto me chamavam de comunista. Depois do segundo interrogatório, os guardas passaram pelo corredor e apalparam meu peito, por exemplo. Aí comecei a ficar furiosa, entrei na cela com o interrogador e falei que estava sendo maltratada, e que, por ser menor de idade, não podia ficar mais de 24 horas dentro de uma prisão. Depois disso, me tiraram o capuz e me colocaram numa cela”, contou.
“Quando eu e mamãe entramos no DOI-Codi, fomos separadas. Fui revistada de uma maneira brutal, enfiaram o dedo em tudo quanto é lugar, e eu estava de capuz. Depois disso vi ela uma única vez: ela entrando e eu saindo da cela de interrogação. Ela virou pra mim e falou: ‘Filhinha, está tudo bem?’. Uma maneira bem doce de falar. ‘Fica tranquila, nada vai acontecer.’ Aí voltei para o corredor, sentada, e desabei. Chorei de soluçar”.