BARRACO NO CONGRESSO DOS EUA

Lufe Lima ------ “Robert F. Kennedy Jr. entrou em sua audiência de confirmação no Senado como um homem pisando em uma pista de gelo usando cascas de banana como sapatos. Ele tinha uma única missão: convencer o mundo de que não era o teórico da conspiração porra-louca que já serrou a cabeça de uma baleia e levou pra casa, e deixou uma carcaça de urso no Central Park. Em vez disso, saiu de lá como a principal causa de enxaquecas entre os senadores democratas. Esse deveria ser seu momento de redenção, seu grande discurso do tipo eu não sou realmente insano. Mas a audiência se transformou em um verdadeiro derby de demolição política, com manifestantes gritando que ele era um mentiroso e um assassino, Bernie Sanders o interrogando sobre roupas de bebê, Elizabeth Warren perguntando se ele pretendia administrar o Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS) como um bico, e um momento surreal em que Kennedy precisou confirmar que provavelmente disse que a doença de Lyme era uma arma biológica militar. No fim do dia, a Polícia do Capitólio já havia removido à força mais pessoas da sala do que um bar de quinta categoria no Dia de São Patrício. Kennedy mal havia começado sua declaração inicial quando uma mulher explodiu da galeria como um jack-in-the-box cheio de fúria e diplomas de ciência. — MENTIROSO! — ela gritou, segurando um cartaz que dizia VACINAS SALVAM VIDAS, antes de ser rapidamente imobilizada e arrastada para fora pela Polícia do Capitólio. Kennedy piscou repetidamente — sinal claro de que estava ouvindo a voz do verme que costumava viver em seu cérebro sussurrando: Aborta a missão, Bobby. Aborta a missão. Um breve momento de paz se instalou na sala, e então aconteceu de novo. — VOCÊ ESTÁ MATANDO PESSOAS! — outro manifestante uivou, lançando-se em um espiral de fúria corporal antes de ser carregado para fora pela segurança, chutando as pernas como uma mala de rodinhas gritando opiniões. Kennedy respirou fundo e tentou se recompor, mas o senador Ron Wyden estava esperando por esse momento como um promotor com uma vendeta pessoal. — O senhor está mentindo para nós, Sr. Kennedy? — Wyden disparou, lançando-lhe um olhar fulminante. Kennedy forçou um sorriso nervoso, mas a expressão saiu parecendo a de alguém que acabou de ser informado de que precisará lutar contra um cavalo por uma vaga de estacionamento. — Essa alegação já foi repetidamente desmentida — ele disse, tentando soar razoável, apesar de uma sala cheia de pessoas assistindo compilações do YouTube com ele dizendo exatamente o contrário. Wyden não comprou a desculpa. — O senhor assinou uma petição para restringir o acesso à vacina da COVID. Assinou ou não? Kennedy murmurou algo sobre a petição ter sido “deturpada”, enquanto o ar da sala se adensava com suor, más decisões e suplementos orgânicos. Wyden estava prestes a dar o golpe final quando outro manifestante detonou como uma mina terrestre. — VOCÊ É UMA FRAUDE! — ela gritou, enquanto a segurança a levava embora em uma chave de corpo completa. Até os policiais pareciam exaustos agora. Então veio Bernie Sanders, um homem que não está com paciência para bobagens desde 1972. — O senhor apoia esses macacões de bebê? — ele perguntou, seco. A sala congelou. O cérebro de Kennedy travou como um PC rodando Windows 98. — Como é? Sanders ergueu uma foto impressa de um onesie infantil coberto de slogans antivacina. — Isso está sendo vendido pela Children’s Health Defense, a organização que o senhor fundou. Kennedy parecia alguém que acabou de comer, sem querer, uma pimenta fantasma e está tentando fingir que está tudo bem. — Eu… eu não tenho mais controle sobre essa organização — ele balbuciou. Sanders estalou os dedos, como quem se prepara para sair no soco com um CEO, e se inclinou para frente. — O senhor apoia esses onesies? Kennedy começou a suar através do terno. A sala caiu na gargalhada. Um senador republicano até cobriu o rosto. Desesperado por um desvio, Kennedy tentou mudar de assunto para sua verdadeira paixão: banir o xarope de milho. Sanders não deixou passar. Então Elizabeth Warren pegou o microfone, irradiando energia de promotora determinada. — O senhor se compromete a não aceitar dinheiro de empresas farmacêuticas enquanto ocupar o cargo de Secretário de Saúde? — perguntou, com o tom de quem já sabe a resposta, mas quer ver a pessoa se contorcer. Kennedy sorriu como um cachorro que destruiu o sofá e espera que você ache engraçado. — Acho que elas nem gostariam de me dar dinheiro — ele riu. Warren não riu. — O senhor se compromete a não lucrar com processos contra empresas farmacêuticas enquanto estiver no HHS? Kennedy congelou. A cor sumiu de seu rosto. — A senhora está me pedindo para não processar empresas farmacêuticas? — ele disse, a voz subindo. — Não. Estou pedindo para o senhor não lucrar com isso enquanto regula o setor. Os olhos de Warren brilharam como os de um falcão avistando um coelho ferido. — Então o senhor processaria as mesmas empresas que deveria regular? Kennedy parecia querer derreter na cadeira. Então veio Michael Bennet, um homem que estava pacientemente esperando para soltar uma bomba no colo de Kennedy. — O senhor disse que a doença de Lyme foi uma arma biológica militar? — Bennet perguntou, impassível. Kennedy hesitou. — Provavelmente disse isso. A plateia prendeu a respiração. Bennet ergueu uma sobrancelha. — O senhor disse que pesticidas transformam crianças em transgêneros? Kennedy ficou branco como papel. — Não me lembro de ter dito isso. Bennet reprimiu um sorriso. — Mas lembra de ter dito que a doença de Lyme era uma arma biológica? Kennedy parecia ter sido atingido por um dardo tranquilizante. Até os senadores republicanos encaravam suas mesas, evitando contato visual. A audiência finalmente foi encerrada, mas Kennedy ainda não está livre. Seu próximo interrogatório está marcado para amanhã, e ninguém sabe o quão pior pode ficar. Seus opositores sentem cheiro de sangue. Seus apoiadores já estão inventando teorias da conspiração sobre o deep state. E se o voto terminar empatado, será o vice-presidente JD Vance quem decidirá. Sim, JD Vance — o equivalente político a uma caixa de papelão molhada — determinará se um homem que já foi parcialmente controlado por um parasita cerebral comandará o sistema de saúde dos EUA. O país aguarda em suspense. Passa o uísque.” -------------------- Fonte: https://www.facebook.com/100079779344617/posts/601987109137262/?mibextid=wwXIfr