RICOS TAMBÉM TEM "B.O."

por Edilson Martins --------- ELOGIO DO "BARRACO" -------- Tapas, joelhadas e socos, afora injúrias e outras ameaças - só não houve rasteiradas, talvez, pela intervenção rápida dos seguranças - foram alguns dos itens do BO - boletim ocorrência. Registrado pelo banqueiro Olavo Setúbal, presidente do Conselho Administrativo do Itaú. Maior banco privado do país. Todas essas agressões, de que teria sido vítima o poderoso banqueiro, desfechadas, na 3ª de Carnaval, acreditem, segundo o BO, por Daniela Setúbal, ex-esposa, no lobby de um hotel 5 estrelas - Fazano - na capital paulista. Daniela Setúbal, afora, respeitosamente, essa invejável condição e pedigree, é influencer de muitos seguidores, não do andar de baixo, por óbvio. A ocorrência policial gerou perplexidade e produz pertinente polêmica. Desmascara os que apostam na evolução - sempre Darwin - do refinamento seletivo das classes sociais. Aos que acreditam que "barracos" só acontecem nas esferas sociais do andar de baixo - prerrogativa dos periféricos - o evento dos Setúbal abre um leque de distintas leituras sociológicas. O episódio, além de bombástico, gera curiosidade, abre, melhor, ratifica, uma verdade suprema. Independentemente da linhagem, do poder econômico, da classe social, o recurso ao "barraco" é uma das expressões legítimas da existência humana. Entre os outros primatas é inquestionável. E quando acontece a céu aberto, à luz dos olhos públicos, ganha dimensões de notável evento. O "barraco" no andar de cima pode ser ruidoso, como foi neste caso, mas talvez se possa dizer; democratiza as desigualdades sociais. É uma excelente contribuição à redução de preconceitos históricos. Ao ocorrer nas duas pontas - na base e no cume da pirâmide social - iguala e humaniza, faz avançar o processo civilizatório. --------------- https://linktr.ee/edilsonmartins