Após confessar corrupção, CCR volta administrar rodovias do Paraná

por Mareli Martins em seu blog ------
Placa da CCR admitindo corrupção, Pedido desculpas veio depois da Operação Integração. ------------------ Pouco mais de três anos é o tempo que separa a declaração da CCR (CCR Rodonorte) confessando corrupção e a licitação em que empresa ganhou novamente a concessão de rodovias do Paraná, em dezembro de 2024. A CCR administrou os pedágios do Paraná durante 24 anos e teve muita corrupção. Esse esquema foi descoberto no âmbito da operação Integração, derivada da Lava Jato, e que culminou em um acordo de leniência assinado em 2019 pela CCR e pelo Ministério Público Federal (MPF) no Paraná. A CCR foi uma das empresas que confessou que cometeu corrupção e ainda colocou uma placa ao entorno das rodovias do Paraná pedindo “perdão pela corrupção”. E na próxima sexta-feira (16) a CCR PRVias, do grupo CCR, inicia as suas operações nas rodovias do Paraná. A empresa será responsável pela concessão de 569 quilômetros de rodovias. No chamado Acordo de Leniência, a empresa teve o perdão do Judiciário e devolveu uma “merreca” em obras e “desconto” na tarifa, perto do que roubou. A antiga RodoNorte se comprometeu a pagar R$ 715 milhões em pouco mais de dois anos entre o acordo e o fim da concessão, em novembro de 2021. Parte desse montante foi usado para a execução de obras e o restante para a redução de 30% da tarifa de pedágio. E depois de um ano, subiu a tarifa de pedágio em 42%. Em 2022, a empresa firmou um acordo judicial com o estado, via Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR), para liquidar o contrato entre as partes — o valor foi atualizado para R$ 856 milhões. Como a concessão já havia terminado, o governo do Paraná indicou algumas obras necessárias fora do antigo escopo da RodoNorte, como a duplicação de 5,8 quilômetros da PR-151 entre Ponta Grossa e Palmeira — a obra começou em setembro deste ano As operadoras do pedágio do antigo Anel de Integração arrecadaram quase R$ 10 bilhões de forma indevida, incluindo erros de cálculos nos pedidos anuais de reajuste ou aplicação do chamado degrau de pista dupla para trechos que, efetivamente, não foram duplicados. Só a RodoNorte teria sido beneficiada com R$ 6,4 bilhões. E pra fechar a injustiça com o povo do Paraná, em 2022, um acordo firmado entre o Ministério Público Federal (MPF), o Governo do Estado do Paraná, o Departamento de Estradas e Rodagem (DER), a Agência Reguladora (Agepar) e a Rodonorte, libera a pedageira de uma dívida de mais R$ 5 bilhões com os usuários do Paraná. No acordo homologado pela Justiça Federal do Paraná, na última quarta-feira (07), o valor declarado como ‘devido’ pela empresa foi de apenas R$ 321.223.158,92 (trezentos e vinte e um milhões, duzentos e vinte e três mil, cento e cinquenta e oito reais e noventa e dois centavos). Além de obras não realizadas, a Rodonorte participou do esquema de corrupção nos pedágios do Paraná, investigado pela Operação Integração, coordenada pelo Ministério Público Federal do Paraná. A Rodorte confessou a corrupção e chegou a colocar placas nas rodovias do Estado, pedindo perdão por ter roubado os paranaenses. As outras concessionárias também confessaram a corrupção. Além das placas, a corrupção foi confirmada no acordo de leniência firmado entre as concessionárias e o MPF. A dívida das seis pedageiras com o Estado passa de 10 bilhões de reais em obras não realizadas. Deste montante, só a Rodonorte era devedora de mais de R$ 6,4 bilhões. Além disso, com o acordo, a Rodonorte não fará a duplicação total da PR-151, em Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais. E simplesmente acordou em duplicar um pequeno trecho, que envolve o entroncamento com a PR-438, sentido Palmeira, no acesso ao aeroporto Sant’Ana. Vale dizer que todas as empresas que possuem concessão de pedágio no Paraná estão envolvidas em corrupção: Viapar, Rodonorte, Econorte e as empresas do Grupo CR Almeida, Ecocataras, Caminhos do Mar e Ecovia. Veja quanto cada concessionária recebeu a mais (deve para o Paraná – aproximadamente, segundo o MPF) Rodonorte: R$ 6,4 bilhões Ecocataratas: R$ 1,4 bilhão Caminhos do Paraná: R$ 1,1 bilhão Econorte: R$ 744,9 milhões Viapar: R$ 202,7 milhões VEJA DIVULGAÇÃO DO ACORDO FEITA PELA JUSTIÇA DO PARANÁ https://www.trf4.jus.br/trf4/controlador.php?acao=noticia_visualizar&id_noticia=26554 -------------------------- NOVA CONCESSÃO DA CCR ---------- A partir da meia-noite desta sexta-feira (16), a concessionária CCR assume oficialmente a gestão do Lote 3 das rodovias pedagiadas no Paraná. O trecho sob responsabilidade da empresa abrange 569 quilômetros e inclui sete rodovias que cortam o Norte do Estado: BR-369, BR-373, BR-376, PR-170, PR-323, PR-445 e PR-090. Essas vias são estratégicas por conectarem a região norte à BR-277, principal acesso ao Porto de Paranaguá, no litoral paranaense. O contrato prevê um investimento de R$ 16 bilhões ao longo da concessão, com obras de duplicação em 132 quilômetros, implantação de 25 quilômetros de faixas adicionais, 24 quilômetros de passarelas e dois pontos de parada para motoristas profissionais. A concessionária CCR S/A venceu a disputa pelo Lote 3 do Sistema Integrado de Rodovias do Paraná. O resultado foi divulgado em dezembro de 2024, pela Bolsa de Valores de São Paulo, a B3. O desconto para a tarifa básica de pedágio ofertado pela empresa foi de 26,6%. Quatro rodovias estaduais e três federais que passam por 22 cidades do estado ficarão sob administração da empresa por 30 anos. A previsão é de que a vencedora assuma as rodovias a partir de 2025. ------------‐- TARIFAS -------- Segundo o secretário estadual de Infraestrutura e Logística, Sandro Alex, neste primeiro momento não haverá cobrança de pedágio. A tarifação deve começar em cerca de 60 dias, mas os valores ainda não foram definidos. Na PR-445, por exemplo, estão previstas duas novas cobranças em Londrina/Tamarana e Mauá da Serra.