ESSE BRASILEIRO NÃO ENTRA MAIS NO PARAGUAI

A história proibida ----------- Em 1825, Antonio Manuel Correa da Câmara foi nomeado cônsul e agente comercial do Império do Brasil junto do Governo do Paraguai. De San Borja, pediu passaporte para chegar à capital paraguaia. Com o sucesso obtido pelo comandante Cézar, que havia aberto o comércio com o Brasil, por Itapúa e perante o perigo de uma guerra entre a Argentina com o Império, foi enviado Correa da Câmara ao governo paraguaio, em busca de uma aliança ou, na sua falta, de uma neutralidade "benévola". O pedido do agente imperial chegou às mãos do ditador de Santiago, Missões. A França redigiu a resposta e obrigou-a a assinar Norberto Ortellado, Subdelegado do governo naquele local. Nessa comunicação, chamava-se a atenção de Correa da Câmara por não ter dado ao nosso país o título de República e ao Dr. França, o de Ditador. Para que pudesse seguir viagem até Assunção, sempre segundo o referido documento, tinha de reconhecer expressamente a independência Paraguai. Caso contrário, o Paraguai também não reconhecerá o Brasil como Império. Na nota, o ditador denunciava também a ajuda prestada pelas autoridades de Mato Grosso aos índios Mbayás, que atacavam todo o distrito de Concepción, incendiando casas e causando mortes, acontecimentos somados aos roubos de bovinos e equinos. Correia de Câmara foi recebida pelo ditador no final de agosto daquele ano. Queixava-se o governante paraguaio perante o cônsul dos danos causados pelos indios mencionados, da não devolução ao Paraguai das terras ocupadas indevidamente por Portugal na época colonial e do descumprimento por estes e pelos brasileiros do tratado de San Ildefonso. Correa da Câmara - por seu lado - prometeu enviar armas para o Paraguai. Muito prometeu Correa da Câmara, mas nada cumpriu com o Paraguai. Por essa razão, quando chegou pela segunda vez, em vão esperou que lhe fosse concedido o passaporte para chegar a Assunção. Depois de esperar por muito tempo, teve que sair de Itapua e se afastar das fronteiras do Paraguai. Em relação ao despedimento do representante brasileiro, escreveu o ditador ao delegado de Itapua, explicando-lhe que não lhe tinha concedido o passaporte pela má fé e inutilidade da sua vinda, e que o Paraguai exigia 100.000 pesos pelos danos causados pelos indígenas do norte, incentivados estes pelos brasileiros para realizar seus roubos. Também mencionou a Dr. França ao seu Delegado, que os limites do Paraguai na região leste chegaram ao rio Blanco e na oeste até ao rio Jauru. Em sua terceira vinda ao Paraguai, Correa da Câmara chegou a Itapúa como representante da independizada República do Rio Grande. Também não foi recebido pelo Supremo Dr. França. ----------------------- Un Paraguayo nunca se riende. Fonte: Cadernos do Bicentenário - IV volume - Jorge Rubiani