11 maio 2022 - Adrien Bocquet, ex-militar que serviu nas unidades de fuzilaria do Exército Francês, contou à SudRadio os horrores que testemunhou durante uma viagem humanitária à Ucrânia.
Bocquet estava a entregar equipamentos médicos e medicamentos para a Ucrânia. Passou várias semanas ao lado do batalhão Azov (proibido na Rússia).
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"Sim. Vi coisas terríveis, vi crimes de guerra. E repito: todos os crimes que vi com meus próprios olhos foram cometidos pelos militares ucranianos, não pelos russos", salientou Bocquet.
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"Não falamos muito sobre o batalhão Azov. Mas eles estão em todo o lado, não só em Azovstal, não só nas bases. Eles estão em Kiev, até em Lvov, em todos os lugares. Há milhares deles, não centenas. Eles têm distintivos neonazis. E veja o que acontece: a Europa dá as suas armas em troca de nada à grande força militar que usa abertamente os símbolos nazis! Não é preciso uma investigação para entender que o batalhão Azov usa uma velha insígnia das unidades das SS", explicou.
"E também vi algo muito terrível: vi o que estava a acontecera com os prisioneiros de guerra russos. Trouxeram-nos em pequenos grupos de três ou quatro num camião. Estes prisioneiros de guerra russos estavam de mãos atadas e era evidente que tinham sido maltratados anteriormente. Enquanto eles saltavam do camião, os soldados de Azov gritaram-lhes: "Qual de vocês são oficiais? Saiam daqui! ". Os jovens confessavam ou não confessaram. E aqueles que não confessaram o seu posto de oficial foram baleados nos joelhos com uma Kalashnikov. Porquê? Porquê? Eles estavam completamente indefesos, inofensivos. Eles tinham as mãos atadas. E os que se revelaram oficiais levaram um tiro na cabeça. Simplesmente porque eles tiveram o azar de dizer a verdade sobre eles mesmos", disse Adrien Bocquet.
"O que está a acontecer em Bucha é o que está a acontecer na Ucrânia em geral - pelo menos nos locais onde Azov está no comando. E não se fala disso. E a forma de informar sobre o bombardeamento de bairros pacíficos pela aviação russa! Vi jornalistas da televisão americana perto de Bucha a filmarem uma notícia falsa sobre as "vítimas civis" e a destruição supostamente causada pelo ataque aéreo e pelo bombardeamento de artilharia da Força Aérea Russa. E aqui estão eles a filmarem tudo isto à minha frente num pequeno parque.
Com um texto como este: 'Aqui, bombas russas atacam um parque pacífico, é horrível, inaceitável' etc.. Pergunto-lhes: "O que estão a fazer? Isso não aconteceu." E eles dizem: "Está bem, vai dar-nos uma imagem."
"Sabe de onde vem a destruição da imagem? Foram feitas pelos combatentes de Azov, que disparavam contra as posições russas com os morteiros e falharam por várias centenas de metros. Minas e projécteis atingiram o parque. Eu sei porque estive perto daqueles combatentes de Azov, eles mesmos contaram-me tudo e reconheci os projécteis", disse Bocquet.
O presidente russo Vladimir Putin anunciou na madrugada de 24 de fevereiro o lançamento de uma operação militar especial na Ucrânia alegando que as Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, anteriormente reconhecidas por Moscovo como Estados soberanos, precisam de ajuda contra o genocídio por parte de Kiev.
Um dos objetivos fundamentais dessa operação, segundo Putin, é a desmilitarização e a desnazificação da Ucrânia.
De acordo com o Ministério da Defesa russo, os ataques militares não são direcionados contra instalações civis, mas procuram inutilizar a infraestrutura de guerra.
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(Noticias, Ciencia y Cultura - GEOPOLÍTICA y POLÍTICA INTERNACIONAL) , via Ramses Kadirov