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O Hospital de Pediatria Juan P. Garrahan, o centro médico pediátrico de alta complexidade mais importante da Argentina e referência na América Latina, atravessa uma crise sem precedentes que ameaça seu funcionamento e o atendimento de milhares de crianças. Este hospital, que realiza cerca de 600 mil consultas anuais, 10 mil cirurgias de alta complexidade e 50% dos transplantes pediátricos do país, enfrenta um deterioro progressivo devido a cortes orçamentários, salários insuficientes e uma fuga massiva de profissionais.
Desde o final de 2024, médicos, residentes, enfermeiros e pessoal administrativo denunciam um “esvaziamento” do hospital. Os salários dos residentes, que trabalham entre 60 e 70 horas semanais, estão estagnados em torno de $797.061, abaixo do valor da cesta básica, o que levou cerca de 200 profissionais, incluindo 50 médicos de plantão, a pedirem demissão em busca de melhores condições no setor privado ou no exterior. Essa perda de capital humano forçou o fechamento de uma ala de internação pela primeira vez em 20 anos e a limitação de admissões, afetando pacientes com doenças graves, como câncer ou cardiopatias.
Os trabalhadores, apoiados pela Associação dos Trabalhadores do Estado (ATE) e pela Associação de Profissionais e Técnicos, exigem uma recomposição salarial de 100% e condições de trabalho dignas. Eles realizaram paralisações, marchas ao Ministério da Saúde e um abraço simbólico ao hospital sob o lema “S.O.S. Garrahan, salvemos o hospital”. O governo nacional, liderado por Javier Milei, respondeu com uma conciliação obrigatória e propostas insuficientes, enquanto a vice-ministra da Saúde, Cecilia Loccisano, atribui a crise a uma má administração, destacando que o hospital conta com 953 funcionários administrativos contra 478 médicos de plantão.
A crise do Garrahan não afeta apenas Buenos Aires, mas todo o país, pois é um centro de referência para encaminhamentos de províncias como Córdoba. Profissionais alertaram que o colapso do hospital coloca em risco o atendimento de crianças com patologias complexas, comprometendo o futuro da saúde pública pediátrica na Argentina.
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