Jair Bolsonaro observado por Magno Malta em sessão do Senado no último dia 18 de julho.
Créditos: Carlos Moura/Agência Senado
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Ao justificar chilique no Congresso, defesa destaca que Bolsonaro ficará de boca fechada em "respeito absoluto" a Moraes. Ex-presidente cancelou ida ao Congresso, onde apoiadores deram entrevista com bandeira de Trump.
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por Plinio Teodoro na Revista Forum -----
Após dar chilique mostrando a tornozeleira eletrônica, gritando que é "inocente", em reunião com a horda de parlamentares extremistas na Câmara na última segunda-feira (21), Jair Bolsonaro (PL) prometeu ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ficar calado até que ele decida sobre sua prisão preventiva ou não.
A promessa está destacada, em trecho sublinhado, nas explicações apresentadas pela defesa do ex-presidente sobre o ato de segunda-feira na Câmara, quando Bolsonaro teria infringindo uma das medidas restritivas, de não usar as redes sociais dele e de terceiros, para fazer qualquer declaração. O surto foi propagado pelos aliados e até mesmo pelo filho, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), artífice da conspiração com Donald Trump.
"De toda forma, em sinal de respeito absoluto à r. decisão da Suprema Corte, o Embargante não fará qualquer manifestação até que haja o esclarecimento apontado nos presentes Embargos", diz a peça assinada por três advogados de Bolsonaro - Celso Villardi, Paulo Amador Cunha Bueno e Daniel Tesser [leia a íntegra].
Na alegação, a defesa diz que Bolsonaro não sabia da "extensão da medida cautelar anteriormente imposta" e diz que o ex-presidente "cessou a utilização de suas redes e determinou que terceiros também suspendessem qualquer tipo de acesso".
"É notório que a replicação de declarações por terceiros em redes sociais constitui desdobramento incontrolável das dinâmicas contemporâneas de comunicação digital e, por isso, alheio à vontade ou ingerência do embargante", alega, sobre a propagação do chilique.
"Portanto, cabe esclarecer que o Embargante não descumpriu o quanto determinado e jamais teve a intenção de fazê-lo, tanto que vem observando rigorosamente as regras de recolhimento impostas por este E. Tribunal", seguem os advogados.
As alegações foram entregues na tarde desta terça-feira e Moraes deve definir nas próximas horas se aceita a justifica ou não, determinando a prisão preventiva de Bolsonaro.
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Covardia
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Nesta terça-feira, Bolsonaro recuou e cancelou o retorno à casa legislativa para um novo encontro com os deputados e senadores, que suspenderam as férias durante o recesso parlamentar para dar apoio ao "mito".
Deputados e senadores bolsonaristas passaram vergonha após o ex-presidente se acovardar e não ir à casa legislativa por medo de ser preso.
Com 23 deputados marcando presença, a sessão extraordinária da Comissão de Segurança Pública, convocada para votar moções de apoio a Bolsonaro, foi cancelada após ato do presidente da Câmara, Hugo Motta, proibindo sessões das comissões até dia 1º de agosto, quando termina o recesso.
A horda de parlamentares extremistas já tinha deixado inclusive o cenário armado, com uma mesa preparada para entrevista coletiva com uma placa de "Jair Bolsonaro - 38º Presidente do Brasil". Com o cancelamento dos trabalhos, os bolsonaristas se dirigiram à sede do PL, onde pretendem se reunir com o ex-presidente.
"A placa com o nome de Jair Bolsonaro já estava pronta na mesa. O PL queria transformar a Câmara num palco de provocação e confronto direto com a decisão do ministro Alexandre de Moraes. Era uma encenação planejada para gerar o momento da prisão — e depois gritar “ditadura”. Querem transformar a ordem democrática em espetáculo farsesco. Não passarão. Não é show, é o Parlamento. A decisão da Presidência da Casa deve ser respeitada. A extrema-direita não fará da Câmara um comitê da desordem", escreveu Lindbergh Farias, líder do PT, em publicação na rede X.
Lindbergh ainda divulgou uma publicação que mostra os boslonaristas segurando uma bandeira onde se lê "Trump, make américa great again" dentro do Congresso Nacional. Presidente dos EUA, Donald Trump decretou uma guerra comercial contra o Brasil.