Uma investigação revela a estrutura completa da milícia colaboracionista de Abu Shab e seu papel no roubo de ajuda humanitária e na implementação do plano de ocupação.
A plataforma ICAD, especializada em investigações de código aberto, revelou a estrutura da milícia Forças Populares liderada por Yaser Abu Shab, que opera na Faixa de Gaza sob a proteção e apoio direto do exército de ocupação israelense e está envolvida em roubos organizados de ajuda humanitária.
A investigação teve início após uma entrevista com Yaser Abu Shab, conduzida pelo jornal sionista KAN em 6 de julho, na qual ele anunciou abertamente "sua guerra contra o Hamas" e sua disposição de assumir a administração da Faixa de Gaza após "sua queda". Ele também reconheceu a coordenação total com o exército israelense na distribuição de ajuda, bem como o apoio administrativo da "Autoridade Palestina".
Antes de sua aparição na mídia, o Ministério do Interior de Gaza deu a Iaser Abu Shab e seu grupo dez dias para se renderem, o que foi seguido por uma declaração da Câmara Conjunta de Facções Palestinas declarando legal a luta contra membros da organização colaboracionista, levando a equipe do ICAD a rastrear as atividades do grupo e desmantelar sua estrutura interna.
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Rede de campo com três níveis
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A investigação analisou as contas do Facebook de Iaser Abu Shab e de seu vice-presidente, Ghasan Al-Dahini, além de seguir manualmente seus seguidores no TikTok, o que permitiu rastrear uma rede de 12 membros divididos em três camadas: liderança de primeiro nível, elementos próximos à gerência no segundo nível e membros de terceiro nível que participaram do que eles chamaram de "garantia de ajuda".
A equipe rastreou seus movimentos por meio de vídeos e fotos publicados por eles mesmos, identificando suas localizações e documentando publicamente padrões de violações.
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Iaser Abu Shab: passado criminoso e aliança com a ocupação
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A investigação revelou que Abu Shab é da tribo Tarabin e reside em Rafah, no sul de Gaza. Ele já havia sido preso pelo Ministério do Interior de Gaza por tráfico de armas e drogas e fugiu após os bombardeios israelenses contra escritórios de segurança no início da guerra.
Seu nome surgiu em maio de 2024, quando liderou uma milícia armada de 100 a 300 membros envolvida no roubo de caminhões de ajuda humanitária. Autoridades israelenses confirmaram que ele estava armado como parte de um "plano para apoiar grupos locais contra o Hamas".
De acordo com o The Washington Post, os homens de Abu Shab apreenderam 80 dos 100 caminhões de ajuda que entraram em Gaza no início de outubro e mataram quatro motoristas de caminhão entre maio e outubro.
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Mapa de implantação: apoio ao projeto de ocupação e deslocamento
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A análise do ICAD revelou que a milícia montou trincheiras armadas ao longo da estrada que sai da travessia de Kerem Shalom para interceptar a ajuda. Imagens de satélite mostraram claramente essas trincheiras em novembro de 2024.
Segundo as informações, Abu Shab montou tendas para distribuir ajuda a leste de Rafah, bem próximo ao chamado eixo Morag. Suas localizações geográficas foram analisadas e comparadas com imagens publicadas pela Sky News.
Curiosamente, essas tendas estavam na mesma área onde o ministro das finanças do regime israelense, Bezalel Smotrich, pediu que os palestinos se estabelecessem, formando parte de uma estreita faixa ao sul de Gaza, o núcleo de um projeto de deslocamento suave sob o pretexto de "refúgio humanitário".
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Uma investigação revela a estrutura completa da milícia colaboracionista de Abu Shab e seu papel no roubo de ajuda humanitária e na implementação do plano de ocupação (2/2)
Ghasan Al-Dahini e Isam Al-Nabahin: braço organizacional e linha de comunicação
O vice-presidente de Abu Shab, Ghasan Al-Dahini, escapou das prisões de Gaza e tem antecedentes nas agências de segurança da Autoridade Palestina. Seu nome está ligado ao grupo Exército do Islã e a redes de contrabando no Sinai.
Ele apareceu em vídeos atirando no leste de Rafah, perto da mesquita Al-Da'ua em Al-Shauka, uma área onde ajuda foi distribuída.
Isam Al-Nabahin é uma figura proeminente do grupo, um ex-combatente do Daesh (ISIS) no Sinai. Ele retornou a Gaza antes da guerra e escapou da prisão no momento do surto. Sua prisão foi posteriormente relatada pelas autoridades de Gaza, mas seu destino não foi confirmado.
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Segundo nível: apoio logístico e posições militares
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O segundo nível inclui figuras como Bakr Al-Uaqili, armado em fotos perto de campos de ajuda humanitária, com várias contas vinculadas à rede. Entre seus contatos estão Iusuf Abu Naser e Saddam Abu Zakar, vistos com equipamentos e armas semelhantes, que estão ligados à liderança no local.
Tariq Abu Hasan e Abu Hasan Al-Turabani também fazem parte desse grupo, aparecendo em fotos acompanhando líderes ou em caminhões de ajuda humanitária armados. Alguns, como Abu Hasan, documentaram seu contato direto com os líderes em vídeos.
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Terceiro nível: suposto seguro e roubo público
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Membros desse nível, como Nimer Abu Al-Husain, Karim Abu Al-Husain e Abud Abu Al-Husain, documentaram seu envolvimento na "segurança" de caminhões de ajuda humanitária, mas vídeos os mostraram adulterando e saqueando abertamente a ajuda. Eles foram mobilizados em áreas controladas pelo exército israelense, especificamente no chamado eixo Filadélfia e ao sul de Rafah, o que reflete uma coordenação direta.
Abu Anis, uma das principais gangues, postou vídeos mostrando seus membros tomando o controle de caminhões à força e obrigando os motoristas a sair, revelando um roubo organizado.
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Local de atividade: serviço à ocupação sob cobertura humanitária
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A análise de imagens e vídeos permitiu ao ICAD mapear claramente as atividades da milícia Abu Shab, centradas em Al-Shauka e Al-Biiuk, a leste de Rafah, e nos arredores ao norte da cidade, todas áreas de fronteira sob o controle do exército de ocupação israelense.
Este local confirma a ligação com o projeto de deslocamento israelense, coincidindo com o que o funcionário da UNRWA, Sam Rose, chamou de "Vale dos Ladrões", onde a ajuda é roubada.
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Conclusões da pesquisa
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A investigação revelou que as "Forças Populares" são uma milícia formada por fugitivos da prisão, alguns ligados ao Estado Islâmico, que receberam apoio direto e armas da ocupação.
Sua atuação se limita a uma área geográfica que atende ao plano de deslocamento da população de Gaza, utilizando a ajuda humanitária como cobertura para controlar os movimentos e direcionar a população para áreas dominadas pela ocupação.
Vídeos e documentos divulgados pelos próprios milicianos revelaram sua estrutura e documentaram seus crimes, confirmando que eles não são um grupo desorganizado, mas sim uma ferramenta organizada que implementa a agenda da ocupação em um momento de vácuo humanitário e de segurança.
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ESPADA DE JERUSALEN