por Ricardo Mohrez,
Presidente da União Palestina da América Latina - UPAL
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Por mais que Benjamin Netanyahu repita retórica belicosa, use bombardeios para reprimir o país e se esconda atrás do apoio incondicional dos EUA, sua visão distorcida do presente e do futuro da Palestina demonstra que ele perdeu todo o senso de história e dignidade humana. Acreditar que 77 anos de luta, desapropriação, ocupação e milhares de mártires serão apagados pela força bruta é, simplesmente, urinar fora da caixa.
A causa palestina não é uma moda passageira ou uma reivindicação temporária. É uma resistência profunda e histórica, viva na memória de cada família deslocada, em cada pedra atirada contra um tanque, em cada criança que aprende desde cedo que sua terra não está à venda nem abandonada. Netanyahu e aqueles que pensam como ele estão enganados se acreditam que o extermínio pode superar a lei, que o genocídio pode ser legitimado pela propaganda ou que o silêncio pode ser comprado.
Desde 1948, o povo palestino tem sofrido o impensável: deslocamentos em massa, demolições de casas, bloqueios desumanos, apartheid, assassinatos de civis, colonização desenfreada. E, no entanto, eles sobreviveram. Eles resistiram. Eles criaram novas gerações que não esquecem, que continuam a sonhar com justiça, com retorno, com dignidade.
O que está acontecendo em Gaza e em toda a Palestina não é uma guerra; é um massacre. E enquanto Netanyahu se apresenta como o salvador de Israel, o mundo começa a despertar de seu sono cúmplice. Milhares, milhões, marcham, gritam, denunciam, exigem sanções, boicotes e julgamentos. A narrativa não é mais controlada exclusivamente pelos ocupantes.
É ingênuo — ou arrogante — pensar que todo esse sacrifício será em vão. Não foi no Vietnã. Não foi na África do Sul. Não será na Palestina. A história já começou a escrever seu veredito, e não está do lado do atirador, mas do lado do opositor.
Netanyahu pode continuar a usar mísseis, manipular a mídia e reforçar o domínio do colonialismo. Mas cada mártir palestino é uma semente. E, quer os opressores gostem ou não, quem semeia dignidade colhe liberdade.