Moscou: Derrubar caça russo será considerado ato de guerra

Encontro de Trump e Putin deu em "quase nada", diz porta-voz ---------------- por Luiz Carlos Azenha na Revista Forum -‐--- O embaixador da Rússia na França, Aleksey Meshkov, advertiu que eventual derrubada de um caça russo por país da OTAN será considerado ato de guerra da aliança militar do Ocidente. Moscou tem dito que aliados da Ucrânia estão em busca de pretextos para envolver os Estados Unidos diretamente no conflito. Nos últimos dias, Donald Trump se referiu à Rússia como "tigre de papel" e, em conversa com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenski, disse que os ucranianos poderão recuperar militarmente todos os 20% de seu território conquistados pela Rússia. As falas são vistas como exemplo da frustração de Donald Trump com Vladimir Putin. O ocupante da Casa Branca, durante a campanha, prometeu acabar com a guerra em 48 horas. Nos últimos dias, a Estônia e a Polônia acusaram a Rússia de violar seu espaço aéreo com caças e drones. O Kremlin suspeita de operações de "false flag", com o objetivo de barrar negociações e fortalecer a mão do presidente da Ucrânia. De fato, 19 drones russos, desarmados e sem câmeras, invadiram o espaço aéreo polonês. Segundo Moscou, foi um teste da fragilidade defensiva da OTAN. Um dos drones penetrou 500 quilômetros em espaço aéreo polonês e só caiu por falta de combustível. A Rússia enfatiza que eram falsos drones, "iscas de espuma", que custam 3 mil dólares cada. Caças F-35 da OTAN chegaram a derrubar quatro drones usando o sofisticado míssil Sidewinder, ao custo de 500 mil dólares a unidade. ----------------‐ Zona de exclusão aérea -------------- A Polônia retomou a campanha para criar uma zona de exclusão aérea sobre todo o território da Ucrânia, o que envolveria a OTAN e, portanto, os Estados Unidos diretamente no conflito. Na frente de batalha, a Rússia tem conquistado território lentamente, com novas táticas que incluem drones guiados por fibra ótica e unidades de assalto com pequenos grupos de soldados. Do ponto-de-vista militar, Vladimir Putin já obteve seu principal objetivo: uma "ponte de terra" ligando firmemente a Crimeia ao território russo. Isso inclui parte das ex-províncias ucranianas de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporizhzhya, ricas em minerais e terras férteis. Depois que Zelenski, em entrevista, mencionou a possibilidade de bombardear o Kremlin, o vice presidente do Conselho de Segurança Nacional da Rússia, Dmitry Medvedev, respondeu: O que esse sujeito precisa saber é que a Rússia pode usar armas contra as quais um abrigo não é capaz de proteger. Os estadunidenses também deveriam ter isso em mente. Em resposta às declarações de Trump, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a Rússia não é um tigre de papel, mas um "verdadeiro urso". Afirmou que o encontro entre Trump e Putin no Alasca resultou em "quase nada". Sobre os interesses da Casa Branca, Peskov focou no fornecimento de energia: A coisa mais simples é forçar o mundo inteiro a comprar petróleo estadunidense mais caro e gás liquefeito estadunidense mais caro. Sem recorrer a nenhuma manobra diplomática elaborada, é essencialmente isso que ele [Trump] está fazendo. O secretário de Energia dos Estados Unidos, Chris Wright, de certa forma confirmou isso, afirmando que seu país está pronto para suprir todas as necessidades energéticas da União Europeia, inclusive derivados de petróleo: Estamos prontos para atender às suas necessidades. A agenda do presidente Trump é a paz. Para conseguir a paz, temos que matar de fome [o presidente russo] Putin.