Por Esmael Morais em seu blog ----
A CPMI do INSS virou palco de mais uma fake news contra a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT-PR). Durante o depoimento da médica Thaísa Hoffmann, nesta quinta-feira (23), o relator Alfredo Gaspar (União-AL) insinou um suposto parentesco entre a depoente e a ministra apenas por compartilharem o mesmo sobrenome.
O episódio começou quando o parlamentar perguntou: “Doutora, a senhora poderia me dizer se esse seu sobrenome Hoffmann tem algum parentesco com qualquer político do seu estado ou nacional?”. A depoente, amparada por habeas corpus, optou por permanecer em silêncio. A cena foi imediatamente explorada por perfis bolsonaristas nas redes, que espalharam a mentira de que Thaísa seria parente de Gleisi.
Pouco depois, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), representante do governo na CPMI, desmentiu a farsa em plenário. “Foi feito aqui um questionamento sobre a senhora Thaísa Hoffmann, perguntando a ela se ela tem alguma relação de parentesco com alguém do mundo da política, quando ela é do Paraná. Evidente que isso foi uma insinuação de que ela poderia ter algum tipo de relação de parentesco ou de proximidade com a ministra Gleisi Hoffmann. Eu liguei para a ministra e quero aqui dizer que ela não conhece a senhora Thaísa, não tem relação de parentesco e refuta qualquer insinuação dessa natureza”, afirmou.
Vice-líder do PT na Câmara, o deputado Rogério Correia (MG) reforçou a denúncia de que o bolsonarismo tenta fabricar narrativas dentro da CPMI. “É o tipo de pergunta que revela mais sobre o relator do que sobre a depoente. Mostra que ele tem lado, e que o objetivo ali não é buscar a verdade, mas desgastar o governo Lula”, escreveu nas redes.
Thaísa Hoffmann, que é casada com o ex-procurador-geral do INSS Virgílio de Oliveira Filho, foi convocada por envolvimento na chamada “farra do INSS”, um esquema de fraudes bilionárias iniciado durante o governo Jair Bolsonaro (PL). Ela permaneceu em silêncio durante a maior parte da sessão, amparada por decisão judicial.
Enquanto isso, a desinformação se espalhou rapidamente. O deputado estadual Gil Diniz (PL-SP) escreveu: “Por que Thaisa Hoffmann se nega a responder se é parente de algum político no Paraná? Ela é sua parente, Gleisi?”. O federal Evair de Melo (PP-ES) seguiu a mesma linha, insinuando que a advogada da médica teria “interrompido” a sessão para evitar uma resposta, o que é falso.
A tentativa de associar Gleisi a um caso de corrupção no INSS foi desmentida oficialmente por parlamentares e assessores do governo. Fontes da Esplanada confirmaram ao Blog do Esmael que a ministra sequer conhece a depoente e que a fake news foi criada para desviar o foco das investigações sobre o “núcleo bolsonarista” do esquema.
Em um ambiente político ainda polarizado, o episódio mostra como a CPMI tem sido usada por setores da extrema-direita para lançar suspeitas sem provas. O uso de táticas de desinformação dentro de comissões parlamentares repete a estratégia bolsonarista de atacar adversários pela difamação, método que já havia sido observado em CPIs anteriores, como a da Covid.
No caso atual, a tentativa de manchar a imagem da ministra do governo Lula se soma ao esforço para esvaziar a CPMI, que investiga fraudes no sistema previdenciário que, segundo a Polícia Federal, chegaram a movimentar bilhões de reais.
A fake news sobre Gleisi Hoffmann nasceu e morreu dentro da CPMI do INSS, desmontada em tempo real. A insinuação sem provas expôs a face política de uma comissão que deveria buscar a verdade, mas que, nas mãos do bolsonarismo, virou palanque.
