Glauber Braga: “O criminoso mais perigoso do Rio está sentado na cadeira de governador” (Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados)
Por Luís Mauro Filho no Brasil 247 ----
O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) fez duras críticas ao governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, após a chacina policial que resultou em 121 mortes nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte da capital fluminense. As declarações foram dadas nesta quinta-feira (30) ao jornalista Marcelo Auler, do 247.
Em entrevista, Glauber Braga classificou o episódio como uma “chacina de Estado” e defendeu a necessidade de uma perícia independente, com participação de peritos federais, para garantir transparência nas investigações.
“Já tem à disposição do Estado do Rio de Janeiro peritos federais para fazerem o acompanhamento do trabalho que está sendo feito no IML”, afirmou o deputado. “Isso é fundamental, porque a responsabilização por aquilo que foi feito necessita, evidentemente, de uma perícia que não fique sufocada por Cláudio Castro e companhia.”
Braga destacou que a reunião com representantes do governo federal teve caráter de acolhimento e busca de soluções conjuntas com a comunidade atingida.
“Primeiro foi uma reunião de acolhimento, num momento duríssimo, de tanta dor, criação de canais entre os ministérios e a comunidade. Foi uma reunião muito para ouvir, mas com anúncios fundamentais, como o da ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, garantindo o apoio técnico da União”, declarou.
O parlamentar afirmou ainda que o episódio não pode ser tratado como um confronto, mas sim como uma ação deliberada de extermínio.
“Sem dúvida nenhuma, o que aconteceu aqui foi uma chacina”, reforçou.
Em tom contundente, Glauber Braga responsabilizou diretamente o governador do estado: “O governador Cláudio Castro, esse senhor, é o criminoso mais perigoso do Estado do Rio de Janeiro, que está sentado na cadeira de governador e dando entrevista. Ele tem que ser responsabilizado por essa chacina. Essa tentativa de desumanizar as pessoas faz parte de um projeto político dele de acumulação de poder, para se blindar, inclusive.”
A informação sobre o número de mortos foi atualizada pela Polícia Civil na manhã desta quinta-feira (30), dois dias após a ação, batizada de Operação Contenção, que envolveu cerca de 2.500 agentes das polícias Civil e Militar. Segundo o governo estadual, o objetivo oficial seria conter o avanço territorial do Comando Vermelho (CV) e cumprir cerca de 100 mandados de prisão, incluindo 30 suspeitos vindos de outros estados, como o Pará.
De acordo com o balanço oficial, 121 pessoas foram mortas — 54 corpos foram encontrados no dia da ação e outros 63 foram achados posteriormente por moradores em uma área de mata no Complexo da Penha, na quarta-feira (29). Entre as vítimas, estão quatro policiais, sendo dois militares e dois civis.



