por Thomas de Toledo ----------
O Nobel da Paz para María Corina Machado é um escárnio que apenas confirma o quanto esse prêmio há muito tempo deixou de ter qualquer seriedade. A política oposicionista venezuelana é de extrema-direita e tentou, por inúmeras vezes, promover um golpe em seu país. Podemos dizer, sem exagero, que ela é uma espécie de Bolsonaro de saia.
Sempre aliada aos Estados Unidos — a quem promete entregar o petróleo —, María Corina Machado fez na Venezuela o mesmo que Bolsonaro fez no Brasil e que Trump fez nos Estados Unidos quando perderam: não reconheceram a derrota nas eleições. Sim, essa é uma receita de bolo formulada pela internacional fascista de Steve Bannon: se eles perdem a eleição, dizem que houve fraude.
Quando Trump não estava na presidência, ele afirmou literalmente que teria derrubado Maduro para tomar o petróleo da Venezuela. Agora, de volta ao poder, está colocando isso em prática, promovendo um cerco ao país caribenho.
A Venezuela vive uma crise econômica gigantesca como consequência direta das sanções impostas pelos Estados Unidos. Todas as contas internacionais do país estão bloqueadas e esses recursos têm sido usados pelos estadunidenses para financiar a oposição golpista, que também recebe ajuda milionária do NED (National Endowment for Democracy). Inclusive os Estados Unidos chegaram a entregar a chave do cofre ao autoproclamado "presidente" Juan Guaidó, que sequer tinha disputado as eleições.
As sanções que levaram à crise econômica seguem o mesmo roteiro usado para invadir o Iraque. Lá, deixaram o país por uma década sob sanções e depois o invadiram com a mentira de que Saddam Hussein possuía armas de destruição em massa e que a invasão seria para “levar a democracia”. Ou seja, eles criam o problema para oferecer a solução, mas uma solução cujo o único interesse é beneficiar suas elites sedentas por recursos naturais.
Para a Venezuela, Trump formulou também uma mentira: a de que o país teria ligação com o narcotráfico. Novamente, somam a isso o mesmo discurso velho e surrado de que querem “levar a democracia”. Mas, para o imperialismo dos Estados Unidos, a “democracia” tem nome: chama-se petróleo. E o país que possuir esse óleo será invadido para que eles possam roubá-lo, como sempre fizeram.
Quanto ao Prêmio Nobel da Paz, quem pode levar a sério uma premiação que já presenteou Obama, mesmo ele tendo feito mais guerras do que Bush? Terroristas israelenses que viraram primeiro ministro? Ou um separatista tibetano que se opõem à China financiado pela CIA? Ou seja, exemplos não faltam para comprovar que essa premiação virou acima de tudo um instrumento da promoção de líderes patrocinados pelo Ocidente para se opor a países que não batem continência à bandeira estadunidense.