A HISTÓRIA DE JANE AVERY

Ela tinha dezesseis anos quando o mundo se tornou de ferro. Jane Avery enterrou o pai atrás do rancho, sob as raízes do algodão onde aprendeu a andar, a selar o cavalo e a mirar o horizonte. Os homens que o mataram acreditaram que aquela terra seria fácil de tomar — afinal, restara apenas uma garota, frágil e assustada. Mas Jane possuía o Colt do pai. E nas longas noites de vento seco, aprendeu com ele o peso de um gatilho, o preço de uma bala e a regra sagrada da fronteira: ninguém te protege além de ti mesmo. Quando os assassinos cruzaram o portão ao pôr do sol, ela não chorou. Não suplicou. Esperou. O primeiro homem tombou antes que suas botas tocassem o alpendre. Os outros se espalharam, esperando que o medo a partisse em pedaços. Mas Jane permaneceu imóvel — respirando devagar, cotovelos firmes, como o pai lhe ensinara. Um disparo de cada vez, devolveu-os ao pó de onde vieram. Quando o fumo assentou, só o silêncio e o metal gasto ficaram na poeira. Ela sentou-se nos degraus, recarregou o tambor e observou o céu incendiar-se até à noite — fria, serena, inexorável. Não havia glória em seu rosto. Nem remorso. Apenas o fato consumado. Ao amanhecer, a história já corria por Dodge e além: uma menina de dezesseis anos enfrentara cinco homens armados — e saíra viva. Uns chamaram de milagre. Outros, de loucura. Mas quem cruzou o olhar dela soube a verdade: Jane Avery não teve sorte. Teve coragem. E uma mão que não tremeu. Porque a coragem não pergunta tua idade. E a justiça não exige mãos grandes — apenas firmes. ----------------------- Entrem no nosso grupo de literatura: https://www.facebook.com/share/g/1BoFdJRDXX/?mibextid=wwXIfr