Ação da PF ocorre na mesma semana em que secretário de Segurança de SP tentou impor à força trava legal que impediria federais de investigarem nos estados
por Henrique Rodrigues na Revista Forum -‐---
A Polícia Federal realizou buscas nesta quarta-feira (12) em endereços ligados a um diretor da Secretaria de Governo da gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, responsável por articular repasses a municípios na região de Campinas. Mario Botion, que ocupava o posto de diretor de Convênios no escritório regional, deixou o cargo poucas horas depois da ação.
A operação ocorre na mesma semana que um outro integrante do governo Tarcísio, o secretário de Segurança Pública licenciado Guilherme Derrite (PP-SP), que reassumiu seu mandato de deputado na Câmara, tentou empurrar à força uma alteração no PL Antifacção enviado pelo Palácio do Planalto, do qual ele é relator, para impedir a Polícia Federal de fazer investigações contra o crime organizado nos estados, algo que segundo sua iniciativa absurda deveria ficar sob a autoridade dos governadores e de suas polícias locais.
A ação desta tarde contra Botion integrou a operação Coffee Break, conduzida pela PF em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU), e que teve como foco irregularidades em contratos de fornecimento de material didático para prefeituras. Em Limeira, onde Botion exerceu dois mandatos como prefeito até o fim do ano passado, os agentes localizaram R$ 2,1 milhão em espécie em um dos imóveis vistoriados.
A investigação abrange empresas de Sumaré e Hortolândia e resultou no cumprimento de 50 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Paraná e Distrito Federal. "As investigações apontaram indícios de crimes contra a Administração Pública, incluindo fraude em licitação, corrupção ativa e passiva, além de superfaturamento e tráfico de influência", informou nota divulgada pela controladoria.
Botion foi indicado para o cargo em 31 de julho deste ano pela Secretaria de Governo, comandada por Gilberto Kassab. Ele responde atualmente a duas ações de improbidade administrativa na Justiça paulista, ainda sem decisão final.
A Polícia Federal, que seria “emparedada” por Tarcísio e seu grupo caso obtivessem sucesso com o famigerado PL, detalhou os possíveis delitos cometidos pelo assessor do governo de São Paulo em comunicado oficial destinado à imprensa: "Os investigados poderão responder pelos crimes de corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitação, lavagem de dinheiro, contratação direta ilegal e organização criminosa".
Sim, organização criminosa, operando dentro do governo estadual de Tarcísio de Freitas. A mesma organização criminosa que não poderia ser investigada pela Polícia Federal se a iniciativa desse grupo de bolsonaristas tivesse conseguido êxito no Congresso Nacional.
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