O GENOCÍDIO DA POPULAÇÃO PRETA CONTINUA

Via BFC -------------- A guerra no Rio é um projeto de morte. Um genocídio de longo prazo, meticulosamente planejado e executado. A princípio, uma operação com centenas de mortos pode parecer falta de inteligência, mas se conseguirmos pensar, mesmo diante da matança, em como age a polícia militar, sabemos que é só projeto. A perversidade ganha contornos cínicos, como se o crime organizado fosse um mal menor, um parasita que ocupa o vácuo do Estado. Doce mentira. O Estado não está ausente. Ele está presente, ativo e letal, na forma da polícia. A mesma polícia que não protege, mas invade; que não serve, mas subjuga. No momento do "combate", não se discute cidadania, não se respeita humanidade. Todos os estudos sobre segurança pública mostram que há dezenas de maneiras mais eficazes de se combater o crime organizado, mas para o Estado e seus soldadinhos de chumbo, para os políticos que se elegem em cima de corpos pretos, pouco importa. Queremos ficar livres da bandidagem, sim. Mas da bandidagem de qual fração? Pois o crime da favela, a milícia do asfalto, o crime do colarinho branco e o crime político não só coexistem como fazem negócios. E no centro desse comércio da morte, o Governo do Estado não é espectador; é o gestor. Sua política de segurança é a política do massacre. É a licença para matar, um decreto de exceção que transforma corpos pretos em alvo móvel. “Então todo mundo era bonzinho? Leva pra casa”, dirão os juízes apressados das redes sociais enquanto nem a polícia sabe quem matou e por que matou. A desigualdade empurra, o abandono empurra, e o Estado, longe de negligenciar, cumpre seu papel histórico: o de algoz. ---------------------- Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil. Rio de Janeiro (RJ), 29/10/2025. Praça São Lucas, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro. Operação Contenção.