por Edilson Martins ---------------
Carmen Mayrink Veiga, mesmo ao 88 anos, morreu produzindo frisson, não bastasse uma vida de glamour, ela própria requintada, sempre bem vestida, como o país nunca mais conheceria.
O seu epitáfio, “Morreu Linda e Magra”, é uma joia de celebração e encanto.
Durante décadas foi a locomotiva social mais exuberante do país, sem nunca perder a humildade; “ só tive jatinhos desses que todo o mundo tem”.
Bela, era recatada, embora sempre existam os boatos, mas quem há de neutralizá-los, principalmente tratando-se de celebridades?
Quando, num rasgo de transparência lembrava que “não tiro do pulso o meu relógio, um Rolex banal”, se mostrava inteira.
Morreu deixando um guarda-roupa com 400 vestidos de grife, assinados pelos grandes estilistas europeus.
Seu epitáfio, uma profecia, não foi inteiramente cumprido; “Morreu Linda e Magra."
Magra, sim, morreu, mas, naturalmente, não tão linda.
Morreu falida, juntamente com o marido, antes um poderoso Senhor das armas, e não menos conduzida numa cadeira de rodas.
Os 400 vestidos de grife, que tanto a encantaram, e aos que a viam os exibindo, que fim, que uso terão?
Resumo:
a vida é uma grande e velhaca trapaceira.
