por Diego González -------
O anunciado “bloqueio” contra a Venezuela acabou sendo exatamente o que muitos esperavam: um show de mídia, uma encenação oca, uma conversa barulhenta incapaz de se sustentar diante da realidade. Donald Trump ameaçou, gritou e exagerou, mas quando chegou a hora de transformar o discurso em fatos, ele simplesmente recuou. Ele fingiu-se de louco. Olhou para o outro lado. E o alegado cerco naval desapareceu em menos de 24 horas.
Porquê? Porquê? Porque uma coisa é ameaçar um país bloqueado e sancionado, outra é enfrentar potências reais. Rússia, China e Irão não são Panamá nem Granada. Eles são atores globais, com músculo militar, poder econômico e capacidade de resposta. Interceptar um petroleiro russo ou chinês em águas internacionais não era “aplicar sanções”: era acender um rastilho que poderia acabar em um confronto de dimensões imprevisíveis. E aí, o valentão ficou sem coragem.
Os fatos foram contundentes e humilhantes para Washington: petroleiros entram, carregam cru venezuelano e saem sem serem incomodados. PDVSA continuou a exportar. A Marinha venezuelana escoltou navios. E os EUA, que tinham prometido asfixia total, não fizeram absolutamente nada. Nem uma interdição, nem um tiro, nem uma abordagem. Nada, nada.
O silêncio posterior de Trump foi a confirmação final. Nem uma menção à Venezuela. Nem uma explicação. Nem uma rectificação. O "bloqueio" morreu sem sequer ter nascido. Foi um bluff, uma ameaça vazia, uma palha discursiva destinada ao consumo interno e às câmeras, não ao tabuleiro geopolítico real.
Este episódio deixa uma conclusão desconfortável, mas inevitável: o império já não impõe, apenas grita. Não ordena mais, só ameaça. Ele não atua mais, só atua para a bancada. Os EUA, que durante décadas ditaram regras com canhão, hoje estão reduzidos a um governo que confunde poder com espetáculo e diplomacia com insulto.
Quando um país que se autoproclama dono do mundo não consegue sustentar nem um bloqueio de 24 horas, algo foi quebrado. E quando esse país é governado a partir do ego, da improvisação e da palhaçada, o problema deixa de ser a Venezuela e passa a ser a própria América.
O “império” não caiu por um míssil nem por uma guerra. Desmorona lentamente sob o peso da sua própria caricatura. E o mundo já está vendo.
